A Depressão no Mundo Atual

A Depressão no Mundo Atual

Infelizmente, muitas pessoas que sofrem de depressão podem ser vistas, inclusive por pessoas da família, como preguiçosas, acomodadas, com “frescuras”, que não têm o que fazer, entre outros rótulos. Essa visão só prejudica o processo de cura da doença e, para dissolver esse preconceito, é fundamental o conhecimento sobre o assunto.



Esse tema não é uma preocupação que surgiu na sociedade atual, ele está presente em nossa sociedade desde os tempos antes de Cristo. No entanto, os estudos sobre a depressão se intensificaram no final do século XIX. E, no século XX, na década de 1990, a depressão foi identificada cientificamente como uma doença que causa transtornos de humor.

Esse reconhecimento uniu a medicina/psiquiatria e a psicologia para o uso de medicamentos associados à psicoterapia no tratamento dos quadros depressivos, fortalecendo, assim, a ideia de que fatores psíquicos e físicos atuam conjuntamente na manifestação da doença. 

Pesquisas desenvolvidas por especialistas, como por exemplo, Orlando Coser (2003), apontam resultados alarmantes e estimam que entre 15% e 20% da população mundial passará pela depressão no mínimo uma vez na vida. 

Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu relatório sobre saúde em 2002, apontou que até 2020 a depressão será o segundo maior fator incapacitante para o trabalho, perdendo apenas para as doenças cardíacas. Os dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), entre 2007 e 2009, ilustram muito bem esse quadro quando divulgam que o número de afastamentos do trabalho em decorrência de distúrbios emocionais, nesse período, saltou de 3.918 para 6.403 casos, o que representa um aumento de mais de 60% no número de casos. 

É importante esclarecer que, antes de 2007, a depressão não era notificada como uma doença que poderia ocorrer em decorrência do ambiente de trabalho, embora fosse causadora de afastamentos das atividades laborais, podendo, ainda, ser identificada não apenas em uma pessoa da empresa, mas em várias de um mesmo grupo. 

Você deve ter observado no seu dia a dia a frequência com que a depressão tem feito parte das rodas de conversas, sejam elas na sua casa, com sua família, na rua, no trabalho, no ônibus, no metrô, nas salas de espera de consultórios, na escola, entre outros lugares.
A depressão é chamada por muitos como “o mal do século”, pois tem estado presente cada vez mais na nossa sociedade. Inclusive, você já deve ter conhecido ou ouvido falar de alguém que passa ou passou por dificuldades relacionadas à depressão. 

Estudos, como os destacados nas referências desta unidade, também apontam que profissionais que trabalham diretamente com o contato humano, em setores da saúde, educação, segurança pública, mercado financeiro, transportes, entre outros, são muito afetados e acabam se afastando do trabalho por causa da depressão. O mesmo não é percebido em profissionais de outros segmentos que trabalham esportes, lazer e turismo, ou que tem menor contato com o público, como trabalhadores da indústria, por exemplo.

Na sociedade atual, o trabalho ocupa um grande espaço na vida das pessoas, geralmente elas passam mais de 1/3 do seu tempo diário envolvidas em suas atividades profissionais. 

É nesse espaço que boa parte de suas relações sociais acontecem e, muitas vezes, as condições de trabalho são desencadeadoras da manifestação da depressão. 

Quais são os sintomas da depressão? 

É fundamental ser proativo quando se trata da saúde e do bem-estar mental da sua equipe. Afinal, as pessoas não experimentam o mesmo quadro clínico de depressão. Os sintomas podem variar em relação à duração e à intensidade. Por isso, às vezes é difícil identificar o que realmente está acontecendo.

  • Os sinais de depressão no trabalho incluem:
  • dificuldade de memória, concentração e tomada de decisões;
  • alterações no desempenho e comportamento no trabalho, como produtividade reduzida ou inconsistente;
  • absenteísmo, atrasos ou ausências frequentes;
  • aumento de erros e diminuição da qualidade do trabalho;
  • procrastinação e prazos perdidos;
  • reações excessivamente sensíveis ou desproporcionais;
  • diminuição do interesse pelo trabalho;
  • movimento lento e ações;
  • humor deprimido;
  • diminuição do interesse ou do prazer em atividades anteriormente desfrutadas
  • aumento ou redução do apetite;
  • insônia ou excesso de sono;
  • agitação psicomotora, por exemplo: inquietação;
  • habilidades psicomotoras atrasadas, como retardo do movimento e fala;
  • fadiga ou perda de energia;
  • sentimentos de inutilidade ou culpa;
  • tentativa de suicídio ou manifestação do desejo de morrer;

Se você notou vários desses comportamentos, converse com o trabalhador o mais rápido possível e ofereça ajuda.

Todos nós devemos estar atentos para essa realidade da presença da depressão na nossa sociedade, principalmente porque ainda existe muito preconceito com essa doença.

Outro fator importante sobre a depressão é que a preocupação com essa doença deve ser redobrada quando diz respeito às mulheres, pois estas são maioria quando o assunto é incapacitação causada pela depressão. As pesquisas realizadas por Laura Andrade (2006) revelam que as preocupações relacionadas ao trabalho, tais como aquelas que envolvem a menor remuneração em relação aos homens, dupla ou até tripla jornada (obrigações com o trabalho, estudo e casa, paralelamente), perda do emprego, são fatores que se somam desencadeando o quadro depressivo.

A depressão não está necessariamente alinhada aos acontecimentos. Tudo pode estar correndo muito bem na vida de uma pessoa deprimida, mas ela vai continuar apresentando os sinais da doença até que busque tratamento. Já a tristeza tem motivo: em geral, a pessoa tem consciência dela e sabe o que gerou o sentimento.

Diante dessa realidade, é muito importante que você compreenda os diversos aspectos da depressão, tais como: o que é, quais os tipos, causas, sintomas, tratamentos, e como prevenir o seu desenvolvimento. O conhecimento sobre a depressão permitirá que você contribua para a melhoria da qualidade de vida do seu ambiente familiar, do seu trabalho e do seu convívio social, bem como para a sua própria saúde, pois a falta de tratamento da depressão compromete a vida pessoal, social e profissional.

A diferença entre tristeza e depressão


Confundir tristeza com depressão é um erro comum. Mas enquanto a tristeza tende a uma hora ceder e a pessoa voltar a vida normal, a depressão não acaba, e o indivíduo deprimido acaba ouvindo frases como “simplesmente levante da cama e vá dar uma volta” ou “você está exagerado, há pessoas em situações bem piores do que a sua”. A intenção atrás desses comentários é boa, mas elas não ajudam o paciente a se sentir confortável para falar sobre a condição com as pessoas mais próximas sem sentir vergonha e assim buscar tratamento adequado. 

Referências
AGNES, T. História Natural da Depressão. <http://www.redepsi.com.br/2012/03/15/hist-ria-natural-da-depress-o/>. Acesso em 23 abr. 2016. ANDRADE, Laura Helena S. G. de; VIANA, Maria Carmen; SILVEIRA, Camila Magalhães. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 33, n. 2, p. 43-54, 2006 .Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid= S01010832006000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 abr. 2016. CAVALCANTE, J. Q. P.; Jorge Neto, F. F., Miranda, R. M. A. A caracterização da depressão e o contrato de trabalho. Disponível em: http://www.lex.com.br/doutrina_23947023_A_CARACTERIZACAO_DA_DEPRESSAO_E_O_CONTRATO_DE_TRABALHO.aspx> Acesso em: 5 abr. 2016. CANAL FIOCRUZ. Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. (s.d.) sem data. Disponível em: <http://www.canal.fiocruz.br/destaque/index. php?id=722> Acesso em: 24 abr. 2016. CHRISTANTE, L. Com saída. 2010. Disponível em: <http://www.unesp.br/aci/revista/ed13/com-saida>. Acesso em: 24 abr. 2016. COSER, Orlando. Depressão: clínica, crítica e ética. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/6gsm7/pdf/coser-9788575412558.pdf>. Acesso em: 5 abr.2016. FILHO, E. R. A depressão na atualidade. 2001. Disponível em: <http://www.sedes.org. br/Departamentos/Formacao_Psicanalise/depressao_na_atualidade.htm>. Acesso em: 24 abr. 2016. G1. Depressão: a doença silenciosa que pode levar ao suicídio. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/especial-publicitario/clinica-yao/noticia/2015/06/depressao-doenca-silenciosa-que-pode-levar-ao-suicidio.html>Acesso em: 23 abr. 2016. GONÇALES, C. A. V.; Machado, L. Depressão, o mal do século: de que século?. 2007. Disponível em: <http://www.facenf.uerj.br/v15n2/v15n2a22.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2016. CURSO -SESI SAÚDE NA EMPRESA - SEST SENAT -    MEDLEY

Comentários

Visitantes